quinta-feira, 17 de março de 2016

O elogio à traição



Comissão do impeachment se reúne na segunda para definir roteiro de trabalho
  • 17/03/2016 23h14
  • Brasília
Iolando Lourenço e Luciano Nascimento - Repórteres da Agência Brasil
Na próxima segunda-feira (21), a comissão do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff reúne-se, às 17h, para definir o seu roteiro de trabalho. Logo após a eleição dos deputados Rogério Rosso (PSD-DF) Jovair Arantes (PTB-GO) como, respectivamente, presidente e relator, os dois parlamentares falaram para os integrantes da comissão.

 O deputado Rogério Rosso, que o momento é delicado e que a sua tarefa como presidente será ouvir todas as partesFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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Rosso disse que o momento é delicado e que a sua tarefa como presidente será ouvir todas as partes, garantindo o direito a ampla defesa e ao contraditório. “O patrono da minha função é o povo brasileiro representado pelos partidos políticos que estão na Câmara dos Deputados”, disse Rosso, para quem a comissão, ao final, tem que apresentar “um trabalho digno que de fato apresente a verdade e a correição”.

O deputado também disse que jamais havia passado por sua cabeça em vivenciar um processo como esse e que o momento pede que todos tenham serenidade. “Nossas instituições estão em jogo, nossa democracia está em jogo e temos a missão de reerguer o nosso país. Estamos passando por um perigoso princípio de uma crise institucional e, isto sim, é grave”, disse. “Outros países já passaram por crises semelhantes e o resultado não foi positivo quando enfrentado fora da Constituição”.

O relator, Jovair Arantes, começou seu discurso pedindo iluminação para a condução dos trabalhos. Ele também disse não gostar e ter dificuldade na tarefa de relatar projetos na Câmara, mas que nunca se furtou a participar da tarefa. “O homem ou a mulher que vem para essa Casa tem que assumir os desafios e vamos trabalhar para fazer um relatório que será importante para o país. Ele vai desagradar um dos lados, mas é importante dizer que eu, como relator, tenho que agir como magistrado”, disse.

Jovair destacou que o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff é o mais importante processo na sociedade brasileira nos últimos anos. “Teremos momentos tensos, difíceis, mas estamos aqui para representar quem nos mandou para cá e quem nos mandou, nos mandou com a certeza de que cada um de nós está aqui para fazer o melhor”.
Edição: Fábio Massalli

sexta-feira, 11 de março de 2016

África, terra dos meus pais



Lojas de moçambicanos atacadas na África do Sul
Sul-africanos revoltados com situação sócio-económica viram-se contra imigrantes






Simião Pongoane
Actualizado em: 11.03.2016 18:31 

Lojas de estrangeiros, incluindo de moçambicanos, são atacadas e pilhadas por sul-africanos em algumas comunidades nas províncias de Gauteng, Limpopo, Kwazulu-Natal, Free State e Noroeste que registam focos de protestos violentos contra alegada falta de serviços básicos nas comunidades.

Os líderes da comunidade moçambicana em Joanesburgo, Amélia Muthisse, e António Tembe, estão apreensivos e apelam aos seus compatriotas a regressarem a casa o mais cedo possível, porque o ambiente não está bom.

Sul-africanos revoltados com situação sócio-económica viram-se contra imigrantes

Em Joanesburgo o lixo não é recolhido há uma semana pela empresa contratada pela Câmara Municipal para efeitos da limpeza da cidade.

Os trabalhadores estão em greve. Exigem a demissão da direção e salário mínimo de 10 mil randes, cerca de 670 dólares por mês.

Estudantes estão em guerra com reitorias nas universidades públicas, exigindo reformas radicais.

Os imigrantes, sobretudo africanos, têm sido alvos da violência xenófoba na África do Sul.

Em Abril do ano passado, pelo menos sete pessoas incluindo dois moçambicanos foram assassinadas durante a violência registada nos arredores das cidades de Durban e Joanesburgo. Mais de três mil foram desalojados das suas casas e os seus negócios ocupados ou pilhados. Mas a migração ilegal dos moçambicanos e de outros africanos para a África do Sul continua. Estima-se em mais de um milhão o número de moçambicanos vivendo ilegalmente na África do Sul.

O número poderá aumentar por causa da instabilidade política prevalecente em casa.
Mais de dez mil já se refugiaram no Malawi.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Arigatô



Kengo Kuma em São Paulo: primeiro projeto do arquiteto japonês no Brasil tem técnicas tradicionais japonesas unidas à nova tecnologia
Edifício, uma reconversão do prédio de número 52 na Paulista, irá sediar a Japan House, iniciativa do governo japonês
Bianca Antunes
25/Fevereiro/2016







O hinoki é um cipreste nativo do centro do Japão e sua madeira é muito utilizada em construções. Está presente, por exemplo, no pavilhão japonês no Ibirapuera (1954), em São Paulo, de Sutemi Horiguchi. É o hinoki que dará as boas-vindas aos visitantes do edifício número 52 da avenida Paulista a partir de março de 2017. A aplicação do material na fachada foi a maneira com que Kengo Kuma decidiu recepcionar os brasileiros e outros visitantes no Japan House, espaço que deve mostrar o Japão contemporâneo e estreitar os laços com o Brasil. Artesãos e carpinteiros fizeram um mock up do sistema de hinokis para testar sua resistência, partindo de junções entre peças que, apesar de utilizar um material tradicional, seguem uma tecnologia contemporânea e uma forma inovadora.

É com essa ideia do tradicional inovador, também, que os papeis washis serão utilizados nas fusumas – portas de correr presentes no primeiro andar que separam três salas para palestras e que permitem a flexibilidade de usos. "O abrir e o fechar como delimitação do espaço garante a flexibilidade, uma característica da arquitetura japonesa", conta Kengo Kuma na apresentação do projeto em São Paulo nesta quinta-feira (25).

Kuma também mostrou os dois jardins que devem fazer parte da construção, um de pedras e outro com musgos, um elemento importante do jardim japonês. O jardim de pedras, na entrada do edifício, deve ser um espaço público, aberto à cidade, onde hoje é um estacionamento fechado. "Hoje há uma cerca fechando o espaço, queremos tirá-la", conta. Kuma citou como inspiração os espaços abertos de São Paulo, como o vão livre do Masp, de Lina Bo Bardi, na mesma avenida Paulista. "Queremos refletir essa ideia dos jardins públicos, entendendo que isso seja algo tipicamente paulistano".

A construtora responsável pelo projeto no Brasil é a Toda. O designer japonês e produtor executivo Kenya Hara dará as diretrizes gerais para as Japan House de todo o mundo, e no Brasil o diretor de planejamento será o curador Marcello Dantas. As obras já começaram e a entrega está prevista para março de 2017.

A Japan House tem custo total de 30 milhões de dólares, com investimento total do governo japonês. Haverá três Japan House no mundo: em Londres, Los Angeles e São Paulo – a paulistana é a primeira a ser construída, para que seja um espaço de divulgação para todo o Brasil e América Latina. Terá como objetivo combinar arte, tecnologia e negócios para oferecer aos visitantes uma tradução do Japão do século 21. O espaço abrigará um restaurante/cafeteria de gastronomia nipônica, biblioteca, ponto de informações turísticas e uma loja de artesanato e manufaturas japonesas. Estará disponível para o lançamento de produtos, encontros de negócios, seminários executivos e outros eventos empresariais.