Ações Afirmativas: Mais da metade dos alunos do
programa federal de bolsas são negros
Segundo dados do Ministério da Educação, dentre
os estudantes contemplados em 2014 pelo programa do governo federal que concede
bolsas de estudo de ensino superior, mais da metade são negros. No primeiro ano
do programa, 2005, apenas 37,2% dos estudantes eram negros. Hoje, são 56,48%.
Em números absolutos, a quantidade de alunos negros passou de 35.568, há 10
anos, para 125.566 atualmente, um aumento de 353%.
Para a diretora de Programas de Ações Afirmativas da Secretaria
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da
República (Seppir), Mônica de Oliveira, o aumento se deve a dois
fatores. “Com o passar do tempo, se ampliam a divulgação e o grau de
informação da população. Esse é um elemento. E outra questão fundamental é que
a população negra passa a reconhecer que essas políticas estão dirigidas a ela
prioritariamente. Isso é uma mudança de como a população negra se enxerga no universo
das políticas públicas”.
Mônica acrescenta ainda que o programa é um fator de mudança na vida dos
alunos. É o caso de Joceline Gomes, 26 anos, aluna da primeira turma do
programa, em 2005. Ela conquistou uma bolsa integral no curso de Jornalismo da
Universidade Católica de Brasília (DF). “Minha família era de classe
média baixa, a gente não tinha acesso a nada. Quando entrei na universidade e
vi que eu realmente podia estar lá, que aquela vaga realmente era minha, que eu
tinha uma bolsa integral que ia me permitir cursar uma faculdade, foi a oportunidade
da minha vida. Isso me transformou no que sou hoje. O programa foi determinante
para que eu fizesse o curso superior”, afirma a jovem negra, moradora de
Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal.
Joceline se formou em 2008 e hoje trabalha na sua área de
formação. Segundo levantamento da Seppir, 85% dos alunos formados
pelo programa possuem emprego, sendo que 65% trabalham com carteira assinada. A
maioria desses estudantes trabalha na área em que se formaram. Para a jovem, a
melhoria de vida não veio somente para ela. “Eu fui a primeira a entrar
na faculdade de toda a minha família. Isso já vai encorajando outras pessoas da
família. Então você vai puxando toda uma geração de pessoas e vai
influenciando. Primeiro dentro da sua família, depois com seus amigos, e vai
aumentando esse círculo”, assegura.