Pequim – O Acordo de Parceria e Cooperação
Estratégica Global, assinado na quarta-feira pelo presidente de Moçambique,
Filipe Nyusi, e pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, torna Maputo num caso
único para a diplomacia chinesa fora da Ásia.
PRESIDENTE
DE MOÇAMBIQUE, FILIPE NYUSI,(ESQ.) APÓS A AUDIÊNCIA COM O SEU HOMÓLOGO CHINÊS,
XI JINPING.
FOTO: KIM
KYUNG-HOON
Além do país africano, apenas
Cambodja, Laos, Birmânia, Tailândia e Vietname – todos países vizinhos da China
– celebraram o mesmo acordo com Pequim.
O documento, que estabelece os 14
princípios que deverão nortear as relações bilaterais, prevê fortalecer os
contactos entre o exército, polícia e serviços de inteligência dos dois países.
Pequim compromete-se assim a
ajudar Maputo a reforçar a capacidade de Defesa nacional, salvaguardar a
estabilidade do país e formar pessoal militar.
Estipula ainda o comércio de
armamento, equipamento e tecnologia, numa altura de renovada tensão
político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique Frelimo
e a Renamo.
Durante as conversações entre Xi
e Nyusi, decorridas no Grande Palácio do Povo, no centro de Pequim, o
presidente chinês lembrou o papel da China na libertação nacional de
Moçambique.
“A amizade (entre os dois países)
surgiu da luta conjunta contra o imperialismo e o colonialismo”, sublinhou.
A China apoiou os guerrilheiros
da Frelimo na luta contra a administração portuguesa e foi um dos primeiros
países a estabelecer relações diplomáticas com Moçambique, logo no próprio dia
da independência, 25 de Junho de 1975.
No aspecto econômico e comercial,
o mesmo acordo dedica ainda uma cláusula à iniciativa chinesa Rota Marítima da
Seda do século XXI.
O termo refere-se a um gigante
plano de infraestruturas que pretende reativar a antiga Rota da Seda entre a
China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.
Neste sentido, os dois países
devem cooperar nas áreas transporte marítimo, construção de portos e zonas
industriais portuárias, aquacultura em mar aberto e pesca oceânica.
A China divide em 16 categorias
os acordos de parceria que estabelece com países estrangeiros.
Filipe Nyusi realiza esta semana
a sua primeira visita oficial à China, o principal credor de Moçambique.
Desde 2012, o país asiático
aumentou em 160% o financiamento a Maputo, segundo dados citados pela imprensa
moçambicana.