Foto: Sérgio Manjate
Comemora-se, hoje, o Dia Mundial da Fotografia. A propósito desta efeméride, Sérgio Manjate e Basílio Muchate consideram que a era digital trouxe mais qualidade à fotografia, entretanto, em Moçambique, há muitos problemas de composição que se verificam nas fotos publicadas nos jornais
Sérgio Manjate é fotojornalista há 17 anos. Desde essa altura, trabalha para o jornal O País. Acompanhou um pouco de tudo: os gloriosos momentos do analógico e a recente transição para o digital. Seja em que formato for, garante, a paixão de fotografar é a mesma, pois, está consciente disso, no click da sua câmara surgem instantes para a memória colectiva.
Desde 2003, Manjate cobre matérias de todas as editorias do jornal O País, da Cultura à Política ou do Desporto à Economia. Para si, exercer a fotografia é uma espécie de narrar a história sem deturpar a informação, leal à realidade. “Quando pretendo fazer uma fotografia, no princípio, vejo um momento que deve ser travado. Quando se trata de pessoas, interesso-me pela expressão da pessoa que vou fotografar, o que é movido pelas minhas emoções”.
Atento às transformações inerentes ao seu campo de trabalho, Sérgio Manjate confessa que a era digital trouxe muitas vantagens e facilidades ao fotógrafo. Por exemplo, o digital diminuiu o tempo de trabalho e o custo no processo. Associado a isso, Manjate observa que, nos últimos tempos, a publicação fotográfica em tempo recorde deixou de ser novidade. E o mais importante nisto tudo? Como que num click, remata: “a era digital trouxe mais qualidade à fotografia, com câmaras que possuem altas resoluções”.
Ainda assim, Manjate sente saudade do passado, pois, na sua opinião, o processo fotográfico analógico era de longe mais excitante.
Não obstante, nestes novos tempos, Sérgio Manjate identifica um mau hábito generalizado: “tornou-se comum o uso de fotografias sem autorização e sem respeito aos direitos do autor. Segundo, o plágio está em todo lado na Internet”.
Neste Dia Mundial da Fotografia, Sérgio Manjate aproveitou abrir o livro das suas memórias durante o exercício do seu trabalho. Para o fotojornalista, o dia mais difícil aconteceu na cobertura da explosão do Paiol de Malhazine, em 2007. “Aquilo foi pior do que uma guerra. Não se sabia a direcção dos obuses. Nenhuma ciência poderia travar aquilo e foi muito difícil. Vi pessoas cortadas ao meio, autocarros atingidos, casas reduzidas a escombros. Lembro-me de uma explosão, a última, parecia uma bomba atómica”.
Falando igualmente a propósito desta efeméride, sempre para o programa Manhã Informativa da Stv Notícias, o professor de fotografia e fotógrafo, Basílio Muchate, no ramo desde os anos 80, sublinhou a relevância de, antes mesmo do click mágico, o fotógrafo sentir o que está a fazer. Caso contrário, “a foto que tirarmos não vai estimular e tão-pouco conseguirá mexer com a emoção das pessoas”.
De acordo com Basílio Muchate, muitos dos que fotografam pensam que, só por isso, são fotógrafos. A grande consequência que daí advém nota sempre que vê as notícias nos jornais. “Diariamente, quando pego nos jornais, a primeira coisa que faço é reparar as imagens antes mesmo de ler
o texto. Vejo muitos erros de composição e desrespeito a elementos básicos de fotografia. A fotografia tem de nos tocar visualmente e emocionalmente”, e o segredo disso não está no equipamento, esclarece, mas na composição, na atenção à luz e ao enquadramento. “Com a composição, o fotógrafo exprimi o seu sentido poético e estético”.
O Dia Mundial da Fotografia foi instituído pela Academia Francesa de Ciências, a 19 de Agosto de 1839, em homenagem à invenção do daguerreótipo, que antecedeu as câmaras fotográficas.