quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Fotografar é exprimir? O Dia da Fotografia no click de Sérgio Manjate e Basílio Muchate

 Fotografar é exprimir? O Dia da Fotografia no click de Sérgio Manjate e Basílio Muchate


Foto: Sérgio Manjate


Comemora-se, hoje, o Dia Mundial da Fotografia. A propósito desta efeméride, Sérgio Manjate e Basílio Muchate consideram que a era digital trouxe mais qualidade à fotografia, entretanto, em Moçambique, há muitos problemas de composição que se verificam nas fotos publicadas nos jornais


Sérgio Manjate é fotojornalista há 17 anos. Desde essa altura, trabalha para o jornal O País. Acompanhou um pouco de tudo: os gloriosos momentos do analógico e a recente transição para o digital. Seja em que formato for, garante, a paixão de fotografar é a mesma, pois, está consciente disso, no click da sua câmara surgem instantes para a memória colectiva.

Desde 2003, Manjate cobre matérias de todas as editorias do jornal O País, da Cultura à Política ou do Desporto à Economia. Para si, exercer a fotografia é uma espécie de narrar a história sem deturpar a informação, leal à realidade. “Quando pretendo fazer uma fotografia, no princípio, vejo um momento que deve ser travado. Quando se trata de pessoas, interesso-me pela expressão da pessoa que vou fotografar, o que é movido pelas minhas emoções”.

Atento às transformações inerentes ao seu campo de trabalho, Sérgio Manjate confessa que a era digital trouxe muitas vantagens e facilidades ao fotógrafo. Por exemplo, o digital diminuiu o tempo de trabalho e o custo no processo. Associado a isso, Manjate observa que, nos últimos tempos, a publicação fotográfica em tempo recorde deixou de ser novidade. E o mais importante nisto tudo? Como que num click, remata: “a era digital trouxe mais qualidade à fotografia, com câmaras que possuem altas resoluções”.

Ainda assim, Manjate sente saudade do passado, pois, na sua opinião, o processo fotográfico analógico era de longe mais excitante.

Não obstante, nestes novos tempos, Sérgio Manjate identifica um mau hábito generalizado: “tornou-se comum o uso de fotografias sem autorização e sem respeito aos direitos do autor. Segundo, o plágio está em todo lado na Internet”.  



Neste Dia Mundial da Fotografia, Sérgio Manjate aproveitou abrir o livro das suas memórias durante o exercício do seu trabalho. Para o fotojornalista, o dia mais difícil aconteceu na cobertura da explosão do Paiol de Malhazine, em 2007. “Aquilo foi pior do que uma guerra. Não se sabia a direcção dos obuses. Nenhuma ciência poderia travar aquilo e foi muito difícil. Vi pessoas cortadas ao meio, autocarros atingidos, casas reduzidas a escombros. Lembro-me de uma explosão, a última, parecia uma bomba atómica”.

Falando igualmente a propósito desta efeméride, sempre para o programa Manhã Informativa da Stv Notícias, o professor de fotografia e fotógrafo, Basílio Muchate, no ramo desde os anos 80, sublinhou a relevância de, antes mesmo do click mágico, o fotógrafo sentir o que está a fazer. Caso contrário, “a foto que tirarmos não vai estimular e tão-pouco conseguirá mexer com a emoção das pessoas”.

De acordo com Basílio Muchate, muitos dos que fotografam pensam que, só por isso, são fotógrafos. A grande consequência que daí advém nota sempre que vê as notícias nos jornais. “Diariamente, quando pego nos jornais, a primeira coisa que faço é reparar as imagens antes mesmo de ler
o texto. Vejo muitos erros de composição e desrespeito a elementos básicos de fotografia. A fotografia tem de nos tocar visualmente e emocionalmente”, e o segredo disso não está no equipamento, esclarece, mas na composição, na atenção à luz e ao enquadramento. “Com a composição, o fotógrafo exprimi o seu sentido poético e estético”.

O Dia Mundial da Fotografia foi instituído pela Academia Francesa de Ciências, a 19 de Agosto de 1839, em homenagem à invenção do daguerreótipo, que antecedeu as câmaras fotográficas.



 

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Novas aeronaves da Taag: Boeing alarga entregas das aeronaves para 2025 por falta de pagamentos

A construtora Boeing reprogramou a entrega das aeronaves à Taag, perspectivando duas por ano, entre 2022 e 2025.


 A decisão é justificada pelo não pagamento das tranches em dívidas e, sobretudo, pelo facto de Angola não ter oficializado a decisão de cancelamento das encomendas. “Já mudámos a entrega das oito aeronaves que estava prevista para 2020-2022. Agora programamos entregar duas em 2022, duas em 2023, duas em 2024 e duas em 2025”, revelou ao VALOR fonte da empresa norte-americana.
 
A reprogramação, de acordo com a fonte, diminui os custos do Governo relativos ao pagamento correspondente à assinatura do contrato definitivo, que, no figurino anterior, estava fixado em 4,0 milhões de dólares. E reduz também o valor correspondente ao Pre-Delivery Payment, avaliado em 62 milhões de dólares.
 
Dos pouco mais de 66 milhões de dólares que Angola deveria pagar pelos dois itens contratuais, pagou apenas pouco mais de 4,0 milhões de dólares, segundo fonte da construtora. “Se a Taag não efectuar os pagamentos dos fundos DA+PDP e continuarmos a mover as datas das entregas para a direita, a Taag estará de volta aos anos 80, 90 e início dos anos 2000 com aviões antigos e uma frota não muito confiável”, alerta.
 
Uma fonte do Ministério dos Transportes garantiu, no entanto, ao VALOR que a “própria Boeing está a solicitar o adiamento dos prazos de entrega, visto que a crise está para todos”, referindo-se às limitações impostas pela pandemia da covid-19.
 
As incertezas do processo de reforço da frota da companhia iniciaram-se em Abril de 2018, quando João Lourenço cancelou a autorização que tinha concedido, em Janeiro do mesmo ano, ao ministro dos Transportes “para celebrar contratos de compra e venda de aeronaves com as empresas Boeing e Bombardier”.
 
Na mesma ocasião, cancelou também a autorização que havia concedido à Taag para a “negociação de financiamento do fornecimento das aeronaves”. O recuo foi justificado com a necessidade de ser elaborado “um estudo mais aprofundado com vista à implementação do Plano de Reestruturação e Modernização da Frota de Aviões da Taag”.
 
Segundo a fonte da Boeing, desde então, o Governo nunca informou a construtora sobre a conclusão do referido estudo nem esclareceu se avança ou não com a compra.
 
A situação, de resto, alterou o plano que previa o reforço da frota da companhia de bandeira entre 2022 e 2024, o que concorreu para a decisão de redução do capital social da empresa de 700 mil milhões para 127.007 milhões kwanzas.