sábado, 30 de julho de 2016

Maravilha pura



Arquitetos Associados projetam a galeria de fotos de Claudia Andujar em Inhotim
POR FERNANDO LUIZ LARA FOTOS LEONARDO FINOTTI








Aquele que talvez seja o texto de arquitetura mais citado das últimas décadas, o ensaio sobre o regionalismo crítico, de Kenneth Frampton, começa com uma citação de Paul Ricouer onde denuncia o desaparecimento de culturas tradicionais ameaçadas pela globalização ocidental.

Seria fácil aplicar a citação de Ricouer ao caso dos ianomamis, uma civilização ameaçada por todos os lados. Mas a realidade é bem mais complexa, assim como a própria definição etnocêntrica de regional. Como ideologia e sotaque, é sempre mais fácil ver regionalismo nos outros. Eu diria que a colisão entre a cultura ianomami e a cultura hegemônica brasileira é como um choque entre uma carreta e um fusca. Aos poucos, vamos percebendo a importante contribuição dos indígenas para os desafios brasileiros contemporâneos, ainda que aparentemente sejam visíveis apenas como arranhões no para-choque da carreta.

Uma dessas contribuições é a obra de Claudia Andujar. Nascida na Suíça, Claudia emigrou para os Estados Unidos fugindo dos nazistas e chegou ao Brasil nos anos de 1950. Trabalhando como fotógrafa da revista Realidade, conheceu os ianomamis em 1971 e dedicou o resto da vida aos indígenas da fronteira norte da Amazônia. A galeria que recebe sua obra em Inhotim celebra sua trajetória e coloca a causa ianomami no centro daquela que é hoje a mais importante coleção de arte contemporânea do hemisfério sul.

aU - Arquitetura e Urbanismo -
Edição 263 - Fevereiro/2016

 

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