Kengo
Kuma em São Paulo: primeiro projeto do arquiteto japonês no Brasil tem técnicas
tradicionais japonesas unidas à nova tecnologia
Edifício, uma reconversão do
prédio de número 52 na Paulista, irá sediar a Japan House, iniciativa do
governo japonês
Bianca
Antunes
25/Fevereiro/2016
O hinoki é um cipreste nativo do
centro do Japão e sua madeira é muito utilizada em construções. Está presente,
por exemplo, no pavilhão japonês no Ibirapuera (1954), em São Paulo, de Sutemi
Horiguchi. É o hinoki que dará as boas-vindas aos visitantes do edifício número
52 da avenida Paulista a partir de março de 2017. A aplicação do material na
fachada foi a maneira com que Kengo Kuma decidiu recepcionar os brasileiros e
outros visitantes no Japan House, espaço que deve mostrar o Japão contemporâneo
e estreitar os laços com o Brasil. Artesãos e carpinteiros fizeram um mock up
do sistema de hinokis para testar sua resistência, partindo de junções entre
peças que, apesar de utilizar um material tradicional, seguem uma tecnologia
contemporânea e uma forma inovadora.
É com essa ideia do tradicional
inovador, também, que os papeis washis serão utilizados nas fusumas – portas de
correr presentes no primeiro andar que separam três salas para palestras e que
permitem a flexibilidade de usos. "O abrir e o fechar como delimitação do
espaço garante a flexibilidade, uma característica da arquitetura
japonesa", conta Kengo Kuma na apresentação do projeto em São Paulo nesta
quinta-feira (25).
Kuma também mostrou os dois
jardins que devem fazer parte da construção, um de pedras e outro com musgos,
um elemento importante do jardim japonês. O jardim de pedras, na entrada do
edifício, deve ser um espaço público, aberto à cidade, onde hoje é um
estacionamento fechado. "Hoje há uma cerca fechando o espaço, queremos tirá-la",
conta. Kuma citou como inspiração os espaços abertos de São Paulo, como o vão
livre do Masp, de Lina Bo Bardi, na mesma avenida Paulista. "Queremos
refletir essa ideia dos jardins públicos, entendendo que isso seja algo
tipicamente paulistano".
A construtora responsável pelo
projeto no Brasil é a Toda. O designer japonês e produtor executivo Kenya Hara
dará as diretrizes gerais para as Japan House de todo o mundo, e no Brasil o
diretor de planejamento será o curador Marcello Dantas. As obras já começaram e
a entrega está prevista para março de 2017.
A Japan House tem custo total de
30 milhões de dólares, com investimento total do governo japonês. Haverá três
Japan House no mundo: em Londres, Los Angeles e São Paulo – a paulistana é a
primeira a ser construída, para que seja um espaço de divulgação para todo o
Brasil e América Latina. Terá como objetivo combinar arte, tecnologia e
negócios para oferecer aos visitantes uma tradução do Japão do século 21. O
espaço abrigará um restaurante/cafeteria de gastronomia nipônica, biblioteca,
ponto de informações turísticas e uma loja de artesanato e manufaturas
japonesas. Estará disponível para o lançamento de produtos, encontros de
negócios, seminários
executivos e outros eventos empresariais.
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