quinta-feira, 3 de março de 2016

Arigatô



Kengo Kuma em São Paulo: primeiro projeto do arquiteto japonês no Brasil tem técnicas tradicionais japonesas unidas à nova tecnologia
Edifício, uma reconversão do prédio de número 52 na Paulista, irá sediar a Japan House, iniciativa do governo japonês
Bianca Antunes
25/Fevereiro/2016







O hinoki é um cipreste nativo do centro do Japão e sua madeira é muito utilizada em construções. Está presente, por exemplo, no pavilhão japonês no Ibirapuera (1954), em São Paulo, de Sutemi Horiguchi. É o hinoki que dará as boas-vindas aos visitantes do edifício número 52 da avenida Paulista a partir de março de 2017. A aplicação do material na fachada foi a maneira com que Kengo Kuma decidiu recepcionar os brasileiros e outros visitantes no Japan House, espaço que deve mostrar o Japão contemporâneo e estreitar os laços com o Brasil. Artesãos e carpinteiros fizeram um mock up do sistema de hinokis para testar sua resistência, partindo de junções entre peças que, apesar de utilizar um material tradicional, seguem uma tecnologia contemporânea e uma forma inovadora.

É com essa ideia do tradicional inovador, também, que os papeis washis serão utilizados nas fusumas – portas de correr presentes no primeiro andar que separam três salas para palestras e que permitem a flexibilidade de usos. "O abrir e o fechar como delimitação do espaço garante a flexibilidade, uma característica da arquitetura japonesa", conta Kengo Kuma na apresentação do projeto em São Paulo nesta quinta-feira (25).

Kuma também mostrou os dois jardins que devem fazer parte da construção, um de pedras e outro com musgos, um elemento importante do jardim japonês. O jardim de pedras, na entrada do edifício, deve ser um espaço público, aberto à cidade, onde hoje é um estacionamento fechado. "Hoje há uma cerca fechando o espaço, queremos tirá-la", conta. Kuma citou como inspiração os espaços abertos de São Paulo, como o vão livre do Masp, de Lina Bo Bardi, na mesma avenida Paulista. "Queremos refletir essa ideia dos jardins públicos, entendendo que isso seja algo tipicamente paulistano".

A construtora responsável pelo projeto no Brasil é a Toda. O designer japonês e produtor executivo Kenya Hara dará as diretrizes gerais para as Japan House de todo o mundo, e no Brasil o diretor de planejamento será o curador Marcello Dantas. As obras já começaram e a entrega está prevista para março de 2017.

A Japan House tem custo total de 30 milhões de dólares, com investimento total do governo japonês. Haverá três Japan House no mundo: em Londres, Los Angeles e São Paulo – a paulistana é a primeira a ser construída, para que seja um espaço de divulgação para todo o Brasil e América Latina. Terá como objetivo combinar arte, tecnologia e negócios para oferecer aos visitantes uma tradução do Japão do século 21. O espaço abrigará um restaurante/cafeteria de gastronomia nipônica, biblioteca, ponto de informações turísticas e uma loja de artesanato e manufaturas japonesas. Estará disponível para o lançamento de produtos, encontros de negócios, seminários executivos e outros eventos empresariais.

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