Arquitetos
Associados projetam a galeria de fotos de Claudia Andujar em Inhotim
POR
FERNANDO LUIZ LARA FOTOS LEONARDO FINOTTI
Aquele que talvez seja o texto de
arquitetura mais citado das últimas décadas, o ensaio sobre o regionalismo
crítico, de Kenneth Frampton, começa com uma citação de Paul Ricouer onde
denuncia o desaparecimento de culturas tradicionais ameaçadas pela globalização
ocidental.
Seria fácil aplicar a citação de
Ricouer ao caso dos ianomamis, uma civilização ameaçada por todos os lados. Mas
a realidade é bem mais complexa, assim como a própria definição etnocêntrica de
regional. Como ideologia e sotaque, é sempre mais fácil ver regionalismo nos
outros. Eu diria que a colisão entre a cultura ianomami e a cultura hegemônica
brasileira é como um choque entre uma carreta e um fusca. Aos poucos, vamos
percebendo a importante contribuição dos indígenas para os desafios brasileiros
contemporâneos, ainda que aparentemente sejam visíveis apenas como arranhões no
para-choque da carreta.
Uma dessas contribuições é a obra
de Claudia Andujar. Nascida na Suíça, Claudia emigrou para os Estados Unidos
fugindo dos nazistas e chegou ao Brasil nos anos de 1950. Trabalhando como
fotógrafa da revista Realidade, conheceu os ianomamis em 1971 e dedicou o resto
da vida aos indígenas da fronteira norte da Amazônia. A galeria que recebe sua
obra em Inhotim celebra sua trajetória e coloca a causa ianomami no centro
daquela que é hoje a mais importante coleção de arte contemporânea do
hemisfério sul.