Governo
volta a divulgar lista suja do trabalho escravo após decisão judicial
- 24/03/2017 19h19
- Brasília
Ivan
Richard Esposito - Repórter da Agência Brasil
Depois de quase três anos sem ser atualizada e após
uma intensa disputa judicial entre governo e Ministério Público do Trabalho
(MPT), voltou a ser divulgado o cadastro de empresas autuadas por submeter seus
empregados a condições análogas à escravidão, a chamada "lista suja do
trabalho escravo".
A lista, publicada na noite
de ontem (23) no site do Ministério do Trabalho, tem 68 empregadores que
foram flagrados por fiscais submetendo seus empregados a situação análoga à
escravidão. De acordo com a lista, de 2011 até o final do ano passado, 503
trabalhadores estavam em situação de trabalho degradante. O total refere-se
apenas aos casos em que houve decisão administrativa pela punição aos
empregadores sem possibilidade de recurso.
Ainda segundo a lista suja do trabalho escravo, a
maior parte das irregularidades foi registrada em fazendas, 45 no total. Os
ficais do trabalho também encontraram trabalhadores submetidos a situação
análoga à escravidão nos ramos da construção civil e carvoaria e no madeireiro.
Ao todo, nove empresas da construção civil aparecem na lista.
Saiba Mais
Em 2014, a lista suja do trabalho escravo deixou de
ser atualizada após o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Ricardo Lewandowski, conceder liminar a pedido da Associação Brasileira de
Incorporadoras Imobiliárias para suspender a divulgação.
Em maio do ano passado, a ministra Cármen Lúcia,
atual presidente do STF, revogou a medida cautelar, retirando o
impedimento à publicação do cadastro. Mesmo assim, a lista não voltou a ser
publicada pelo Ministério do Trabalho.
Em 30 de janeiro deste ano, o juiz Rubens Curado
Silveira, titular da 11ª Vara do Trabalho, concedeu ao MPT uma liminar para obrigar
o governo a publicar a lista suja no prazo de 30 dias, sob pena de multa diária
de R$ 10 mil em caso de descumprimento. A Advocacia-Geral da União (AGU)
recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10), que
manteve a determinação.
Contundo, no último dia do prazo para que o
Ministério do Trabalho publicasse a lista suja, a AGU recorreu mais uma vez da
decisão, dessa vez, no Tribunal Superior do Trabalho (TST). O presidente da
corte trabalhista, ministro Ives Gandra Martins Filho,
acatou o pedido da AGU e, novamente, o cadastro não foi publicado.
No último dia 14, o ministro Alberto Bresciani, do TST,
derrubou a liminar concedida por Ives Gandra. Com isso, voltou a valer a
decisão do TRT da 10ª Região que havia determinado a publicação da lista suja
do trabalho escravo.
Edição: Fábio
Massalli
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