Estudantes
fazem aula pública em defesa da democracia e contra o impeachment
- 09/04/2016 16h41
- São Paulo
Camila
Boehm – Repórter da Agência Brasil
Estudantes de diversas
universidades de São Paulo e movimentos estudantis realizaram hoje (9) uma aula
pública em defesa de democracia e contra o impeachment da presidente
Dilma Rousseff, na Praça Roosevelt, região central da capital paulista. Os
presentes estavam em busca de posicionamentos e ideias que ajudassem a
compreender a conjuntura política atual.
A professora de arquitetura da
Universidade de São Paulo (USP), Raquel Rolnik, falou da importância do ato em
ocupar uma praça pública. “Estamos transformando e concretizando como público
um espaço que é público. A Praça Roosevelt é um exemplo disso, um exemplo
daquilo que é um dos maiores desafios que a gente tem pela frente, daquilo que
não construímos no nosso país: a ideia de um espaço público, de uma esfera
pública. A ideia de um estado que é construído, que é pensado, que é
estruturado para promover, defender e proteger essa dimensão pública entendida
como uma propriedade coletiva do cidadão”, disse.
O ator e escritor Gregório
Duvivier defendeu que a presidenta Dilma conclua seu mandato. Ressaltou, no
entanto, que essa continuidade não pode ser baseada em "alianças
espúrias", referindo-se às alianças partidárias em troca de cargos. “Se a
Dilma, por acaso, continuar, e eu torço para que ela continue, que não seja por
causa das alianças com os setores mais conservadores da sociedade. Se ela continuar
por causa das alianças, que a gente continue na rua protestando”, disse
Duvivier ao lembrar que Dilma foi eleita devido a seu projeto de esquerda:
“enquanto ela não governar para as pessoas que votaram nela, na esquerda, a
gente tem sim que continuar indo às ruas”.
Representando do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos falou que acha importante a
sociedade entender o que está em curso no cenário político do país com a
possibilidade de impeachment de Dilma. Para ele barrar o que chamou de
golpe, é defender a democracia e não defender o governo Dilma e suas políticas.
“Muitos de nós, que estivemos e
estamos nas mobilizações, não defendemos essas políticas. Não defendemos ajuste
fiscal, não defendemos megaprojetos que passam por cima de comunidades, de tudo
e de todos. Não defendemos reforma da previdência, não defendemos uma política
que faz com que o andar de baixo, dos trabalhadores, da juventude, dos mais
pobres, paguem a conta dessa crise”, disse Boulos.
Participaram também da aula
pública Laura Carvalho, professora de economia da USP; Maria Izabel Noronha,
presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo (Apeoesp); Carina Vitral, presidenta da União Nacional dos Estudantes; e
Sandra Mariano, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
Participaram da organização do evento, estudantes de diversas universidades
incluindo a USP, Cásper Líbero, Pontifícia Universidade Católica , Mackenzie,
Faculdades Metropolitanas Unidas, Metodista, Unicamp e a Fundação Escola de
Sociologia e Política (Fespsp).
Edição: Denise
Griesinger
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