Maioria é a favor de proibir réu de ocupar Presidência; STF suspende
julgamento
- 03/11/2016
15h49
- Brasília
André Richter - Repórter da Agência Brasil
Um pedido de vista do ministro Dias Toffoli, do Supremo
Tribunal Federal (STF), suspendeu hoje (3) o julgamento da ação que pretende
impedir parlamentares que são réus em ações penais ocupem a presidência da
Câmara dos Deputados ou do Senado. Até o momento, há seis votos a favor do
impedimento, a maioria dos votantes. Não há data para a retomada do julgamento.
Sessão plenária do STF vota se réus podem estar na linha de
sucessão presidencialNelson Jr. / SCO / STF
A
Corte começou a julgar a ação na qual a Rede Sustentabilidade pede que o
Supremo declare que réus não podem fazer parte da linha sucessória da
Presidência da República. A ação foi protocolada pelo partido em maio, quando o
então presidente da Câmara, ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tornou-se réu
em um processo que tramitava no STF.
Até
o momento, votaram o relator, ministro Marco Aurélio, e os ministros Edson
Fachin, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux e Celso de Mello.
De
acordo com Marco Aurélio, o curso da ação penal inviabiliza o réu a ocupar o
cargo mais alto do Legislativo. No julgamento, por analogia, a maioria dos
ministros levou em conta a regra constitucional que prevê o afastamento do
presidente da República que se torna réu no Supremo.
"Aqueles
que figurem como réus em processo-crime no Supremo não podem ocupar cargo cujas
atribuições constitucionais incluam a susbtituição do presidente da
República", disse Marco Aurélio.
Gilmar
Mendes e Ricardo Lewandowski não participaram do julgamento. No início da
sessão, o ministro Luis Roberto Barroso declarou-se impedido para julgar a
ação. Barroso disse que se trata de "motivo pessoal". Dessa forma, o
julgamento foi realizado com quórum mínimo.
PGR
Em
sua manifestação, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu que
parlamentares que são réus em ações penais não podem ocupar a presidência da
Câmara dos Deputados ou do Senado.
Janot
defendeu que a linha sucessória deve ser exercida plenamente, sem limitações,
principalmente na atual situação política do Brasil, em que não há
vice-presidente em exercício.
"O
Legislativo tem que ser presidido por cidadãos que estejam plenamente aptos a
exercer todas as funções próprias dessa magna função. A atividade política é
muito nobre e deve ser preservada de pessoas envolvidas com atos ilícitos,
ainda mais quando sejam objeto de ação penal em curso na Suprema Corte do
país", disse Janot.
Rede
O
advogado do partido, Daniel Sarmento, defendeu que, mesmo com a cassação do
mandato de Eduardo Cunha, a ação deve ser julgada para que a imagem do Brasil
seja respeitada dentro e fora do país. "Ninguém pode ocupar um cargo que
dê acesso à chefia de Estado se contra essa pessoa pesar uma ação penal
instaurada por esta Corte.", argumentou o advogado.
Edição: Lidia
Neves
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